ESG: Lucros, não lados políticos
- Talita Martins Oliveira
- 31 de jul.
- 3 min de leitura
Ainda há quem trate o ESG como uma mera pauta ideológica, um erro típico de quem não compreende as dinâmicas de mercado. ESG transcende divisões políticas, representando uma via direta para eficiência, competitividade e rentabilidade.
Para investidores, executivos ou empresários, ignorar os princípios de ESG é assumir riscos desnecessários e renunciar a ganhos potenciais.
Com o estabelecimento do mercado de carbono no Brasil e a antecipação da implementação do Artigo 6 do Acordo de Paris, as oportunidades se tornam ainda mais evidentes.
Aqueles que se posicionarem estrategicamente agora, estarão no comando do futuro.
ESG: Eficiência, Gestão de Riscos e Valorização Financeira
Aqueles que enxergam o ESG apenas como um meio de satisfazer reguladores ou de cultivar uma imagem corporativa positiva estão desviando o olhar do verdadeiro valor desta abordagem:
Prevenção de crises e redução de passivos: A negligência em ESG pode culminar em erros de governança, desastres ambientais ou crises reputacionais, podendo apagar bilhões em valor de mercado. As manchetes recentes estão repletas de exemplos.
Otimização e lucratividade: Um ESG bem aplicado aprimora processos, minimiza desperdícios e corta custos. Na Equos Consultoria ESG , demonstramos como empresas estão economizando milhões apenas ao aperfeiçoar a eficiência hídrica e energética e/ou comercializar seus resíduos.
Governança robusta: Investidores buscam estabilidade e previsibilidade. Um ESG sólido oferece exatamente isso, evitando surpresas desagradáveis.
No final, a questão central não é simplesmente gerar mais receita, mas evitar perdas financeiras devido a falhas evitáveis.
O Mercado de Carbono: Uma Nova Fonte de Receita
O mercado de carbono no Brasil apresenta uma chance concreta para geração de receita. Empresas que reduzirem suas emissões poderão negociar créditos de carbono e estabelecer parcerias lucrativas. E isso é apenas o começo. Com a ativação do Artigo 6 do Acordo de Paris (que é o que precisamos reforçar na COP30), o mercado de créditos de carbono se expandirá, permitindo a comercialização internacional e abrindo portas para novos mercados e fluxos de receita.
Brasil: Da Exportação de Matérias-Primas à Exportação de Valor
O Brasil possui todas as condições para liderar essa transição, contudo, isso só será possível se o país deixar de ser meramente um fornecedor de matérias-primas para se tornar um produtor de valor agregado.
Margem maior com baixa pegada de carbono: O mercado já valoriza mais os produtos sustentáveis. Isso é visível tanto nas tendências de consumo quanto nas escolhas pessoais que fazemos em prol de uma vida mais saudável.
Tecnologia limpa para maior eficiência: O mercado já está se adaptando e buscando alternativas além das soluções tradicionais. No Brasil, as possibilidades se expandem com o uso de hidrogênio verde e biometano, além de tecnologias inovadoras para a reciclagem avançada de alguns resíduos.
ESG é Estratégia, Não Ideologia
ESG é um investimento, não um custo; ele não tem inclinação política, mas sim resultados palpáveis.
Com o mercado regulado de carbono já operante e a possibilidade de regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, as oportunidades para crescimento e lucro só tendem a aumentar.
Empresas e investidores que compreenderem e se adaptarem a essa realidade colherão os benefícios a longo prazo.
Em minhas palestras, frequentemente utilizo uma analogia que ressalta uma verdade sobre a evolução das práticas sustentáveis nos negócios. Lembro ao meu público de como a norma ISO 14.001, inicialmente recebida com ceticismo, transformou-se em um requisito quase universal para operações.
Similarmente, quando propus métodos inovadores de reaproveitamento de resíduos, bem antes dos desastres ambientais que capturaram as manchetes globais, muitos duvidaram de sua viabilidade econômica.
Essa evolução dos padrões e práticas empresariais sugere que, para se manterem competitivas e resilientes, as empresas devem antecipar e se adaptar rapidamente às exigências e é preciso buscar essa visão estratégica em ESG.
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