COP30: entre a neutralidade climática e a nova fronteira do petróleo
- Talita Martins Oliveira
- 28 de out.
- 2 min de leitura
Nosso petróleo tem uma das menores pegadas de carbono do mundo e isso é um mérito inegável da Petrobrás, da tecnologia embarcada e das condições geológicas brasileiras.
Mas neutralizar o impacto não é apenas emitir menos e sim caminhar de forma concomitante para mudar o modelo.
Enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP30 em Belém, com o olhar do mundo voltado para sua liderança climática, a aprovação da exploração de petróleo na Foz do Amazonas reacende uma pergunta incômoda: é possível falar em neutralidade climática e, ao mesmo tempo, expandir fronteiras fósseis?
Recentemente, analisei a licença ambiental e suas 28 condicionantes. O processo é tecnicamente robusto, contempla medidas de controle e monitoramento, mas há uma ausência que precisa ser debatida com transparência: onde está o plano de transição energética que acompanha essa decisão?
Essa resposta importa e muito. Porque a credibilidade climática de um país não se sustenta apenas em reduzir emissões, mas em mostrar para onde está indo. O mundo não espera perfeição, espera coerência e ações concomitantes para a essa virada: a transição energética.
Derrubando a pauta da reclamação logística, sabemos que a COP30 tem potencial para ser um grande marco e o Brasil chega a ela com potencial único: uma matriz limpa, biodiversidade abundante, capacidade de regenerar e inovar. Mas também chega com contradições que exigem respostas. Falar em transição energética requer um roteiro claro, com metas, prazos e mecanismos financeiros capazes de sustentar essa mudança estrutural.
Não se trata de negar a importância econômica do petróleo, mas de definir até quando ele seguirá sendo prioridade. A diferença entre discurso e liderança está em mostrar que a renda do hoje financia o futuro do amanhã.
Belém não pode ser apenas palco de discursos inspiradores. Precisa ser o lugar onde o Brasil mostra que é possível conciliar desenvolvimento e descarbonização, com base em dados, governança e sabedoria política.
Afinal, será que dá para conciliar Petróleo na Foz do Amazonas e meta de neutralidade climática no mesmo discurso?



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